terça-feira, 19 de julho de 2011

♪♫ Que tal morrer numa banheira sem espuma??? ♪♫ (parafraseando Rita Lee)

Era a minha segunda vez em Londres, mas a primeira em um rigoroso inverno.

Meu amigo Sam (que era Sandro no Brasil, mas agora que "engringolou de vez", virou Sam) tinhamos passeado o dia inteiro, naquele frio que nem tenho como descrever.

Chegando na casa dele, ele, já acostumado com o frio, sentou na sala e ficou jogando video-game, e eu, morreeeeeendo de frio, já fui direto tomar um banho de banheira.  Normalmente os europeus tem aquecedor em todos os cômodos, inclusive no banheiro, e no banheiro do Sandro não era diferente. O piso do banheiro era de carpete, inclusive.

Aí, lá vou eu preparar meu banho. Enquanto a banheira enchia (com uma água quente, escaldante), eu liguei o aquecedor, e fiquei esperando, sentado na privada.

A banheira encheu, o banheiro estava envolto em uma deliciosa neblina quente. Entrei naquela banheira quentinha, e descansei... ah, que delicia saber que naquele frio todo, lá estava eu escaldando como um frango prestes a ser depenado.

Já meio "narcotizado", resolvi sair do banho e me levantei de uma vez só. DE REPENTE!!!! (adoro o momento de repente, que nunca mais eu tinha feito)...

A minha pressão caiu, comecei a ver tudo escuro, e perdi a força das pernas.  Aos poucos eu fui desfalecendo, e tentando chamar o Sam, que jogava distraído na sala.

Fui descendo, descendo, até "depositar"o meu corpo desfalecido no carpete do banheiro, esperando a morte chegar. Só me passava pela cabeça: "Meu Deus, o que eu fui fazer da minha vida! Agora estou eu aqui, morrendo PELADO  em um banheiro em outro país. Vou pelo menos morrer de bruços, para esconder as minhas 'vergonhas'."

Eu não queria me entregar, e continuava tentando chamar o Sandro (ah, conheço ele como Sandro há uns 20 anos, não é agora que vou chamar de Sam, chega!). A voz sumia aos poucos, até que me entreguei. Mas a morte não vinha me buscar! Que brincadeira é essa? A morte tava pensando que eu era bagunça?

Enfim. A morte não veio, e no lugar dela, a minha pressão voltou. Fui voltando ao normal, minhas forças foram voltando, e eu consegui me levantar e aceitar que não havia morrido.

Me vesti e fui lá brigar com o Sandro, que estava omitindo socorro.
Ele falou:"Eu não ouvi nada... só achei que você estava demorando!".

Expliquei para ele o que tinha acontecido e ele falou que isso acontece com a maioria dos brasileiros que passam o seu primeiro inverno na Inglaterra. Com ele, inclusive, já havia acontecido.

Aí, eu não morri!

FIM

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