quarta-feira, 15 de junho de 2011

O dia que fui procurar emprego no mercado

Quando eu tinha uns 9 anos, meu pai começou a me mandar procurar emprego. É sério! Qualquer um real que eu pedia pra ele, tinha que escutar uma meia hora ele contando a vida dele, que ele cuidava dos bois do pai dele, que ele arava a terra... só que estávamos na capital, em São Paulo, e ele não tinha boi, e muito menos terra pra arar...

Aí, em um dia perto do Dia das Mães, queriamos comprar um presente para a minha mãe, mas meu pai não queria dar o dinheiro. Aí, minha irmã resolveu procurar emprego... PRA MIM.

Eu tinha 9 ou 10 anos, e o primeiro lugar que fomos foi um mercadinho da vila. Pensamos que, como era um mercadinho pequeno, simples, eles iriam me querer.

Chegamos lá e ela já foi de cara procurar o gerente. Lembro que ele era loiro, de barba... tinha um jeito meio... como posso dizer... "flex" (deu prá entender, né?).  Parecia o Leão Lobo (agora não preciso ser mais exato, ok???) Perguntou o que ela queria, e ela, na lata, disse: "Eu vim procurar emprego para o meu irmão".

Ele perguntou: "Mas quem é o seu irmão?" Ela, sem palavras, apenas apontou para mim, como resposta.

Eu estava de camisetinha velha, shorts e chinelo de dedo. Na época era beeeeem magrinho, com uma cabeça enorme (isso é assunto para uma outra história)...
Ps.: ESSE NÃO SOU EU, É SÓ PRA ILUSTRAR

Ele olhou pra mim, chamou a menina do caixa, o cara do açougue, o repositor, o pacoteiro, e disse bem alto: "Olhem quem quer trabalhar aqui!!!"E soltou uma risada enorme, daquelas de jogar a cabeça prá trás. Todos começaram a rir juntos, apontando pra mim .

Ele voltou a si, jogou o cabelo para trás, limpou o rímel borrado nos olhos, arrumou a alça do sutiã (essa parte eu tô inventando), e disse: "Ah, pra trabalhar aqui, você vai precisar comer muito feijão..." E saiu, rindo, tipo Gisele Bündchen na passarela.

Dali pra frente eu comi tanto feijão... acho que foi por isso que deixei de ser magrinho. Mas também, nunca trabalhei lá.

E todas as vezes que vou visitar a minha mãe e passo naquele mercadinho - que ainda existe, e o Leão Lobo ainda trabalha lá, bem gordo agora - lembro dessa história. Um dia crio coragem e conto pra ele, no maior estilo "Baba, Baby".

http://www.youtube.com/watch?v=6FBT577aHKo



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