quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

McDia Infeliz

Eu sempre fui aficcionado pelo Mcdonald's. Quando fiz 7 anos, e a lanchonete ainda era coisa de gente rica, pedi de presente de aniversário que a minha mãe me levasse lá. Ela me levou e ganhei de presente o "McLanche Feliz" (judieira). Guardei a embalagem por anos (o copo do refrigerante, inclusive).

Aí, um dia eu já estava grande e abriu um Mc em Pinheiros, bairro onde eu trabalhava... saí do serviço e fui direto prá lá "inaugurar".

Todo feliz e contente, mochila nas costas, fui até a pia lavar as mãos, antes de comer. Só que a torneira era dessas torneiras econômicas, que você aperta, sai água e fecha sozinha (com temporizador). Só que até aquele momento eu nunca tinha visto uma dessas torneiras, era novidade na época.

Imagine a cena


Eu, todo arrumadinho "abrindo a torneira" - na verdade eu estava desrosqueando a torneira sem saber - quando de repente a tampinha da torneira pula longe, e  pula junto uma mola (que eu acho q funcionava como temporizador). Aí, começa a sair água por cima da torneira, já sem tampa, como um chafariz! Eu, desesperado, com a mão tentando bloquear o chafariz,  ao mesmo tempo que gritava para que algum funcionário pegasse a tampa e a mola da torneira, que estavam bem longe de mim.



Moral da História

Eu todo molhado no McDonald's recém inaugurado, cheio de gente, aquela aguaceira na lanchonete inteira, outras pessoas molhadas além de mim, lanches perdidos, molhados, gente me xingando, crianças chorando, funcionários tentando conter a situação, e eu não sabia se ia embora ou se ia prá fila comprar um lanche.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

(post extra do dia!) Livro "Olho Mágico" - coisa do demo?

Lembra que nos anos 90 aconteceu a febre do livro "Olho Mágico", que tinha umas imagens coloridas e borradas, que a gente tinha que ficar olhando durante um certo tempo até o olho ficar meio confuso, aí aparecia um objeto em 3D?
Essa aí embaixo é a capa do livro:
Pois é... todo mundo via as imagens... MENOS EU!
Eu via as pessoas rindo, achando incrível, dizendo: "Nossa que legal esse golfinhos nadando! Olha esse atrás da pedra!" e outros comentários do tipo.
Enquanto isso, eu não conseguia ver nem as imagens do "Olho Mágico Baby". Só que eu, um cara super "up-to-date", antenadinho, que sabia de tudo antes de todo mundo, não podia ficar de fora dessa...

MOMENTO CONFISSÃO


É, gente... eu mentia que tava vendo tudo! Eu não podia ficar de fora daquilo tudo! Todo mundo vendo e eu, com cara de débil mental, sem conseguir ver nem o triângulo? Tinha gente que via uma fazenda, com todos os animais possíveis, até saindo leite da teta da vaca... e eu, não via nem sequer um círculo, ou um quadradinho!?!?!?! Então eu mentia! Mentia e sorria, dizendo: "Nossa, que incrível! Olha, parece que está aqui na minha frente!" . Fazia até uma ceninha, estendendo a mão, fingindo querer "pegar" nos objetos. Como fui tolo!



Até que, anteontem um amigo aqui do Engenho perguntou prá mim se eu lembrava desse livro. Veio um peso no meu peito, pois aquilo tudo voltou à minha memória. Ele perguntou se eu tinha o livro, e eu disse que não... aí, instigado pelo assunto, lá vou eu no Google.
Encontrei um monte de imagens e disse: é agora ou nunca... E CONSEGUI VEEEEERRRRR!!!!!!
Prá mim, foi o equivalente a uma cura, a um milagre... consegui ver os golfinhos, o dado, a gota d'água... só.
Ah, mas peraí... prá quem não via nada, já tô caminhando, não acha? Ou vai querer exigir, agora?









Meu tio matou meu bode

Na casa do norte, meu pai sempre fazia comidas típicas do nordeste, prá agradar a clientela.
Tinha buchada, sarapatel, caldo de mocotó, tatu, capivara, cobra, coelho, lagarto (é, esses calangos do mato mesmo), jacaré... todas iguarias apreciadas pelos meus ascendentes  cabeça-grande (genética que eu herdei, inclusive).

Uma vez voltei da escola com a Eliane, quando deparamos com um bode amarrado no portão de casa. De cara, nos apaixonamos pelo bode! Ele era lindo, com aquela barbinha fina, tipo office-boy... aquele olhar lânguido  e aquele semi-sorriso nos lábios (já reparou que bode tem um "sorriso Monalisa"?).

Ficamos muito felizes, pois acabávamos de ganhar um novo bicho de estimação. E um bichinho super exótico, diga-se de passagem... colocamos nome no bode (nem lembro que nome, devia ser algo como Bééééé), fizemos carinhos nele, fizemos planos de vida juntos. Até ali, estava tudo muito lindo.
Esquecemos um pouco o bode e entramos em casa, prá tomar banho, comer, assistir TV, essas coisas da vida de criança... de repente, ouvimos algo como uma tacada de beisebol. Corremos no quintal e quando vimos, meu tio Tonho havia matado o bode, com uma tacada na cabeça.
"ASSASSINO!!!!!" Nós gritávamos, entre soluços de desespero. "Você matou o nosso bode de estimação!!".

O algoz, logo foi se defendendo: "Mas que bode de estimação, que nada... seu pai comprou esse bode prá matar mesmo, prá fazer buchada, carne cozida, essas coisas".

Choramos muito naquele dia, pois já tínhamos desenvolvido um amor muito grande pelo nosso bode.
No fim daquela tarde, o couro do bode estava estendido no quintal, prá secar, enquanto a minha mãe limpava as tripas e órgãos internos do bode para aquele banquete maléfico.
No menu tinha: buchada,  churrasco de bode, carne cozida, tripa frita e o pior: a cabeça inteira do bode cozida, com olhos e tudo, que eram disputados entre os convidados. Meu pai, o anfitrião, comeu um. O outro não sei prá barriga de quem foi.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A cigana do dente de ouro

Quando eu era criança, morria de medo de ciganos... bom, na verdade não era só quando eu era criança... eu ainda tenho medo de ciganos!

Uma vez estava com a minha mãe em Santo Amaro, um bairro em São Paulo onde tem uma "Casas Bahia" em cada esquina, e entre elas um 'Torra-Torra". Assim, dá prá imaginar como é andar nesse bairro. Pois é, uma semi-25-de-março. Além de toda a "pilinferia" que circulava por ali, de vez em quando apareciam os temidos "CIGANOS". Credo, me dá até calafrios de escrever isso... tenho muito medo mesmo!

A minha mãe sempre me falava, quando íamos lá: "Tome muito cuidado, e segure a minha mão bem forte, porque os ciganos roubam crianças!" Aí, a minha imaginaçãozinha pouco fértil começava a viajar...
Eu me imaginava sequestrado pela cigana, chorando muito, com roupas coloridas, descabelado, com dentes de ouro, que doíam incessantemente, pois foram colocados à força na minha boca. Aí, eu seria obrigado a pedir dinheiros nos faróis, e todo mundo teria medo de mim.

Assim, eu segurava tão forte, mas tão forte nos braços da minha mãe, que as marcas das minhas unhas ficavam fincadas nos braços dela.

Um certo dia, fomos lá prá comprar um presente prá mim, não lembro se no Natal, ou aniversário, ou dia das crianças. Estávamos parados no semáforo, esperando abrir para pedestres. De repente, abre o semáforo e vamos rapidinho - porque em São Paulo é comum ser atropelado na faixa de pedestres, com o semáforo fechado para carros - quando, do nada, aparece uma cigana velha, cheia de dentes de ouro, com um nariz enorme e uma verruga preta no queixo, que me encarou, olhou no fundo dos meus olhos e disse:
"MENINO CAGÃO". 
Eu só consigo me lembrar o quanto eu chorei naquele dia - e nos próximos 6 dias daquela semana. Nem lembro o que ganhei naquele dia. Só lembro que não entendia o por que da cigana ter feito aquilo comigo... aquela imagem nunca saiu da minha cabeça, até hoje.

Nem sei como finalizar o post. Estou em pânico com a lembrança.

Espero que vocês nunca encontrem essa cigana....

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

"Esqueceram de mim"... é verdade!

Quando meu pai veio para SP, uma das primeiras coisas que fez, foi comprar sua habilitação. Sim, ele comprou. Por isso, nunca dirigiu direito, e batia até em carro estacionado.

Uma vez estávamos todos de carro, não sei onde era, aí o carro pifou. Aí, meu pai mandou eu descer prá empurrar o carro, prá pegar no tranco. Lá vai eu, bem magrelo e cabeçudo empurrando, provavelmente uma brasília, um fusca ou uma belina. 

De repente, o carro começa a pegar, meu pai dá uma acelerada e vai embora, me deixando para trás. Ainda gritei:"Paaaaaaaaiiii, olha eu aquiii......", e vi o carro sumindo no meio na nuvem de areia e terra que se formava em seu rastro.

Naquele momento me imaginei abandonado prá sempre, morador de rua, pedinte, mendigo...  o que seria de mim? Será que algum dia eles sentiriam a minha falta, e voltariam prá me buscar? Ou esse foi um plano prá se livrarem de mim... o que eu fiz prá merecer isso, meu Paaai!!!!!?!?!?!

Esses pensamentos duraram apenas alguns minutos, pois logo apareceu o carro do meu pai no horizonte, voltando prá me pegar. Com o carro em movimento ele grita: "Sobeeeeeee!!!!". Ele não podia parar, porque senão o carro parava de funcionar... aí pulo eu no carro, todo sujo de lágrimas misturadas com a terra que subiu enquanto eu corria em direção ao carro em movimento.

Dentro do carro a minha mãe explicou que ele teve que dar a volta no quarteirão, pro carro não parar de funcionar, e voltaria prá me pegar... ainda levei uma bronca porque chorei. 

Depois reclamam porque sou assim


(post extra do dia!) Senhor, I love You!

Desde a Paraíba a minha mãe é cristã. Ela sempre cantou em coral, e geralmente decora todas as vozes - soprano, contralto, tenor e baixo. Se alguém tem alguma dúvida da sua voz, é só perguntar prá ela, que ensina tudinho.

Uma vez ela estava lavando o banheiro e cantando bem alto: "Senhor, I love you, Senhor I love you...".
Eu ouvi de longe e falei: "Mãe, essa música é da Marisa Monte, e é "Amor, I love you"...

"Eu sei, mas eu tô cantando prá Jesus! Senhor I love you, Senhor, I love you...." e continuou lá adorando, cantando bem alto o seu maus novo cântico espiritual, como se não houvesse amanhã.




caricatura: Marisa Monte por Baptistão

O dia que o Jaime morreu (mas, de mentirinha)

Quando eu tinha uns 6 anos, tinha um amigo chamado Jaime. Ele era mais novo que todos do grupo, e bem gordinho. Como era filho único, era bem mimado.

Antes do meu pai construir a "Casa do Norte" na frente da nossa casa - na parte de baixo, pq a gente morava tipo em um morro- , a gente brincava muito lá.

Tinha umas madeiras, umas bananeiras e  muito, muito barro e lama.  E isso não era problema - era ótimo! Inventávamos muitas brincadeiras ali: que a gente tava perdido na selva, que tava preso na areia movediça, esse tipo de brincadeiras normais - o que, você nunca brincou disso?

Um dia pegamos as madeiras e fizemos um avião. A gente "subia" nesse avião, e voava muito, por diversos países... na nossa cabeça era tudo verdade, a gente se imaginava lá em cima, vendo tudo pequenininho lá embaixo. Só que a gente sempre queria mais!!! Aí, pegamos o nosso "avião", subimos no cume do morro e decidimos que, se saltássemos lá de cima, a gente ia voar mesmo! Estávamos, pelo que lembro: minha irmã Eliane, a Fernanda e o Fábio (irmãos e nosso vizinhos) e o Jaime.

Pois é... subimos no morro e: 3, 2, 1 - saltamos para o infinito... e demos de cara no chão!

Todos rimos muito, todos sujos de barro, mas quando olhamos para trás, o Jaime estava desacordado! Em pânico, subimos até a minha casa, onde as nossas mães (minha mãe Dida, a Zene mãe da Fernanda e do Fábio, e Déli, mãe do Jaime)  estavam conversando.

Já subimos gritando: "Déli, Déli, O JAIME MORREEEEEEEEEU!!!!!!".

A coitada da Déli nem pensou duas vezes! Ela, que é negra, ficou loira Elseve-Blonde-Xuxa-nº 000-tem-certeza-que-quer-esse-tom-quase-branco? de olhos azuis, do susto.

Correu e pulou o morro, para chorar o corpo de seu filho. Chegando lá, encontrou o Jaime já acordado, todo sujo de barro, bem gordinho, chorando... mas, graças a Deus, VIVO!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O que você quer ser quando crescer, Juninho???

Meu sonho sempre foi ser lixeiro. E garçom também.

Quando passava o caminhão de lixo pela rua, de terça e quinta, eu ficava encantado...  até que um dia, eu e meus amigos pedimos pros lixeiros para dar uma volta com eles no quarteirão, ajudando a catar os lixos das casas. Eles toparam e lá fomos nós, coração batendo forte, sorriso largo no rosto, pendurados no caminhão!

Era um universo muito mágico: parar de casa em casa, recolhendo os sacos e caixas de lixo, e melhor: com a possibilidade de encontrar algo incrível que alguém jogou fora, tipo um ATARI novinho (sim, eu acreditava que algum louco poderia fazer isso). Ou dinheiro em um saco.

Isso se tornou um vício... todas as terças e quintas eu ficava na frente da casa do norte do meu pai, esperando os meus "amigos de trabalho". Naqueles dias, eu definitivamente desisti de ser garçom. Já havia encontrado a profissão da minha vida.

Certo dia, esses lixeiros - que almoçavam na casa do norte do meu pai - resolveram ir direto do primeiro "cliente" parar prá almoçar. Na hora que vi aquele caminhão parado lá na frente, meus olhos se encheram de alegria, e corri direto em direção a ele.

Subi, já com toda a intimidade de um profissional com o seu veículo, e ao olhar prá dentro, o que encontrei: sacos e sacos de salgadinhos daquela marca famosa que não vou citar o nome (a não ser que eles queiram patrocinar o post, claro!), alguns vencidos e outros por vencer. Não tinha mais nada ali dentro além dos salgadinhos.

Chamei os meus amigos, que começaram a gritar de empolgação. Corri para pedir um saco de lixo dos grandes prá minha mãe e contar o que tinha encontrado. Minha mãe, que não proibia a gente de fazer nada, deixou eu pegar.

Enchi, acho que 3 sacos daqueles de 100 litros de batatas fritas e snacks.  Enquanto enchia os sacos, a mãe da Sabrina foi até a minha casa e caguetou: "Dida, o Junior está pegando salgadinho do lixo, você sabia?!"

"Eu sei! Eu que deixei", respondeu a minha mãe sempre nos defendendo.

Fui prá casa contente, cheio de salgadinhos. Minha mãe, irmã e eu limpamos todas as embalagens com aquele produto com nome de revista, que não vou citar o nome (a não $$er que....).

No dia seguinte, lá estou eu: o cara mais popular da escola, porque distribuia salgadinhos de graça. Era a minha consagração! Até que chega a Sabrina e grita: "Credo pessoal, o Junior pegou esses salgadinhos do caminhão de lixoooo.... eu vi, a minha mãe viu e foi falar com a mãe dele, que nem deu importância!".

Naquele dia a diretora da escola foi conhecer a minha casa. Ela teve que me escoltar prá me defender dos meus "coleguinhas de sala", que queriam me matar.

E ali ficava cada dia mais longe o meu sonho de me tornar popular....

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

(post extra do dia!) Apanhando sem merecer...

Quando eu era criança, como já disse no post anterior, eu era NERD.

E como todo nerd que se preze, eu sofria - e muito - na escola.

Tinha um menino da 5ª série e eu era da 2ª. Ele era muito folgado, e batia em todo mundo. Me lembro bem, que sempre na saída da aula, ele me chamava: "Ô muleque...". Eu olhava, aí ele vinha correndo atrás de mim e me enchia de porrada. Bicuda, soco no estômago, paulistinha... dependia do cardápio do dia.

Aí uma vez pensei assim: "Se toda vez que ele me chama, eu atendo e apanho, então, da próxima vez, vou fingir que não é comigo. Não vou atender e vou continuar andando".

Outro dia, a mesma coisa: "Ô, muleque... ô, muleque, caramba" (ele não falou caramba, mas eu não vou repetir aqui o que ele falou), berrava o menino. Continuei andando, fingindo que não era comigo.
De repente sinto um tapa na orelha, do nada. "Tô falando com você, não tá me escutando, muleque?" Ele gritou na minha cara, entre gotas de saliva que saiam de sua boca caindo diretamente nos meus olhos, me dando mais uma porrada na barriga.

E naquele dia apanhei de novo, sem merecer.

Eu nunca fui popular na escola

Eu sempre fui NERD. No meu tempo nem era nerd que chamavam, era CDF. Como se não bastasse o meu nome, eu TINHA que ser nerd.

Ninguém queria ser meu amigo, pois eu não era nada popular na escola. Feínho, cabeçudo, de óculos, dentuço e pernas tortas. Meu apelido era Cascatinha

As pessoas só ficavam minhas amigas na época de provas. Todo mundo em volta da minha mesa perguntando como se fazia tal exercício, etc, etc. Se bem que ninguém entendia nada, e na hora da prova, ficavam colando de mim.
Teve um dia que eu disse: "Eu sou crente, não vou passar cola prá ninguém porque é pecado!". Todos se desesperaram, pensando ter chegado o fim da linha.

Não adiantou nada a minha decisão. Na hora da prova,  Patrícia Alecsiene,  a mais popular - e por consequência a menos estudiosa, pois "nasceu prá brilhar" - , se levantou  prá "apontar o lápis" com a prova  na mão. Quando voltava prá mesa, ela simplesmente tirou a minha prova da mesa (já terminada, claro, porque todo nerd termina a prova antes de todos e fica esperando o tempo mínimo estipulado prá entregar), e colocou a prova dela no lugar. Eu, em estado de choque, não tive o que fazer. Se eu dedurasse para a professora, TODOS iam me matar na saída. Simplesmente disfarcei, sorri para a professora e terminei toda a prova da Patrícia, como se fosse a minha. Dei uma olhada para trás e vi a minha prova rodando de mesa em mesa, todo mundo copiando.

No final das contas, todo mundo tirou 10 e ninguém sequer me agradeceu. Acabou a época das provas e lá fiquei lá, no meu cantinho, sem amigos, esperando a próxima para voltar a ser o "popular" da sala.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Meu nome é José de Arimateia. Pare de rir, droga!

Não contei a história do meu nome. Muitos dão risada ao ouvirem, outros não acreditam que estou falando a verdade. Meu nome é José de Arimateia. E eu sei, você riu agora.

Pois bem... um dia estava eu no "prézinho" (tipo um maternal, hoje em dia), no meu primeiro dia. A professora fez toda a chamada, e eu esperando ela me chamar. No final ela perguntou: "Faltou alguém?" Eu levantei a mão e disse: "Eu!"
Aí ela perguntou: "Qual o seu nome?", já voltando os olhos para a lista, para procurar, quando eu respondi: "Junior!". Ela riu, olhou na lista e falou:"José de Arimateia Silva Junior, né" enquanto eu, contrariado respondi: "Não, só Junior!". Ela riu mais uma vez e disse: "Não, não existe só Junior, seu nome é José de Arimateia Silva Junior."

Em um misto de confusão, pânico, tristeza, choque e desespero, levei para a casa a primeira frustração da minha vida: a triste realidade de ser José de Arimateia Silva Junior.

Até a minha adolescência eu sempre perguntava para a minha mãe: "Mãe, quando você olhou aquele bebêzinho tão inocente e indefeso no seu colo, enquanto caminhava em direção ao Cartório, você não pensou que estava marcando para sempre a vida do pobrezinho com um nome tão feio? Não pensou em desistir?". Ela dizia: "Era moda na época, e eu sempre quis te chamar de Juninho". Tá bom mãe... mas tem coisa que pede o bom senso, né? Se a minha avó já fez a loucura de colocar esse nome no próprio filho, você vem e comete o crime de novo?!?!

Pois bem.... já adulto, com uns 30 anos, casado e depois de 7 "Encontros com Deus", eu já estava acostumado com o meu nome. Afinal, todos os artistas estavam colocando os nomes de seus filhos de Benedita, Maria, Benício, Joaquim... José, nesse meio, era fichinha. E Arimateia é étnico, é agressivo... tinha se tornado "chique".

Aí, um dia estava andando com a Juliana na rua, quando paramos em uma banca de jornais e vimos uma revista com a Carolina Dieckman na capa: grávida, barrigão de fora, com um batom na mão e escrito em sua barriga: JOSÉ.

Imediatamente, Juliana fez uma cara feia e disse: "Não acredito que a Carolina Dieckman vai colocar esse nome horrososo no seu filho: JOSÉ. Credo".
Com a faca ainda apunhalada no peito eu disse: "Oi, meu nome também é JOSÉ".

Ela disfarçou, mas não tinha mais o que fazer ou falar.

E eu não sei com que frase acabar o texto. Eu ainda fico muito chocado quando falo sobre o meu nome.

FIM!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Aí, eu nasci!

Passaram-se 3 anos do nascimento da Eliane, minha mãe se mudou para o Embu das Artes/SP e eu nasci! Morei na mesma casa durante 27 anos. O meu bairro, Santa Teresa, era tão, mas tão afastado de tudo, que o ônibus só chegava até o bairro vizinho, e a gente tinha que ir a pé até lá. O meu pai trabalhava em 2 restaurantes, então eu nunca o via. Quando ele saía eu estava dormindo, quando voltava, eu estava dormindo de novo. Uma vez ele tentou me pegar no colo, e a minha mãe disse que eu chorei horrores, como se ele fosse um sequestrador! Aí, um dia minha mãe estava viajando de ônibus, comigo bebêzinho no colo dela. Na nossa frente tinha um senhor  que começou a brincar comigo... minha mãe disse que eu ria muito, e brinquei com ele durante toda a viagem. Aí, do nada, comecei a chamar esse senhor de "papai". Era papai prá cá, papai prá lá... e a minha mãe constrangida, afinal ele não era meu pai. Num dado momento, esse senhor resolveu descer do ônibus. Deu tchauzinho prá mim, e eu comecei a chorar desesperadamente: "Papaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai, papaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai..... buaaaaaaaaaaa".

A minha mãe perdeu o chão! E eu, acabava de perder totalmente o contato com o meu "papai", que eu nunca mais reencontrei.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

"Tomo um banho de luA*"

*O "A" em caixa alta é prá tentar mostrar que a cantora dá uma subidinha nesta parte, na música. Deu prá entender?

Bom, no post de hoje vou contar sobre o nascimento da primeira herdeira da família Silva - apesar de até hoje ela se considerar "Fernandes", a família é "Silva".

Eliane Cristina Fernandes da SILVA, nasceu em 15/06/1975, no bairro da Aclimação. Quando nasceu, meus pais ainda moravam na pensão.
Eliane era o xodó da pobraiada. Tanto que, o seu aniversário de 1 aninho mobilizou toda a "cumunidadji". Fizeram uma festa  na pensão, todo mundo lá, enrolando cajuzinho, passando patê de sardinha no pão de forma, tacando colorante rosa no glacê de ovo e manteiga, quando de repente... "Cadê a Eliane?".

Todo mundo limpando a mão no pano de prato, procurando a Eliane pelos corredores e quartos da pensão, desesperados. Dida chorava alto, com as mãos pro céu.
"ACHEI!", grita alguém do corredor do banheiro - o único da pensão.

Lá estava Eliane, na beira da privada, com suas pequenas mãos que iam e voltavam das límpidas águas da louça alva e cristalina da privada. Uma das mãos de água molhavam os seus cabelos. A outra ia direto para a boca, matando sua sede. No maior estilo "Soy una diva", tomando seu delicioso banho na privada da pensão.

foto: Fontes: pt.wikipedia.org, perolasdoorkut.com.br, www.duniverso.com

sábado, 18 de dezembro de 2010

Dida e o terceiro sexo...

Em mais uma das andanças da Dida por São Paulo, já grávida da sua primeira filha, acabou conhecendo uma mulher muito gentil, que a acompanhou em sua caminhada por alguns metros. Dida, toda bonitinha, toda faceira, "toda trabalhada no sotaque paraibano e na inocência nordestina", começou a ficar confusa, quando a nova amiga começou a paquerá-la, dizendo que ela era muito bonitinha e que queria apalpar seus seios! O restante que ela pediu eu prefiro nem escrever aqui...

Diante de tal safadeza e sem-vergonhice, saiu correndo, em pânico, e se trancou em casa. Quando o Zé chegou do trabalho, contou tudo o que aconteceu. Zé "já todo muderno" e acostumado com a cidade grande, disse a ela que isso era comum em SP, que essas mulheres eram chamadas vulgarmente de "sapatão", e que gostavam de outras mulheres. Dida ficou chocada, nunca tinha ouvido falar nisso antes...

E percebia, a cada dia, que em São Paulo tudo era mais diferente do que ela pensava...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Enfim, casados (a chegada a SP)

Assim que se casaram, Dida e Zé vieram direto para São Paulo. Foram morar em uma pensão no bairro da Aclimação. O meu pai trabalhada, porém a minha mãe ficava em casa. Um dia ela disse para o meu pai que estava sendo seguida por um homem muito esquisito. Ela disse que em todo o lugar que ia, olhava para o lado e lá estava o indivíduo. Meu pai, preocupado, resolveu sair com ela, para ver quem era esse sem-vergonha.

Já na rua, ela olhou pro lado e disse: "é ele!". E continuaram andando prá ver se o homem continuava seguindo. Mais a frente, olhou para o outro lado e disse: "olha ele ali de novo!", e continuaram andando... "olha ele de novo, agora aqui na nossa frente!".

Foi quando o Zé começou a rir e disse: "Dida, você não está sendo seguida! É um japonês! Todos são tão parecidos, que você acha que é um só, e que está te seguindo!


E aquele foi o primeiro contato entre a Dida e a cultura oriental.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Minha mãe de mini-saia!

Como escrevi na primeira postagem, meu pai trouxe sua prima de primeiro grau para SP. 

Pois é, na família Silva é comum casar primo com prima. Tenho inclusive um tio que ficou viúvo da prima e casou com outra prima, prá não perder o costume. 

Voltando ao assunto, meus pais se casaram em 1975, lá na Paraíba. No mesmo dia que a minha mãe resolveu se casar, a irmã mais velha dela, com medo de ficar prá titia, resolveu casar também. E a irmã do meu pai, vendo que o irmão mais velho e duas de suas primas estavam prá se casar, resolveu entrar na roda. 
No mesmo dia casaram-se: meu pai e minha mãe; tia Danda e tio Tonho; tia Lita e tio Nézinho.

Diz a minha mãe que, como a grana tava curta na família prá casar tanta gente de uma vez, aproveitou-se o fato de que cada um casava em horário diferente, e decidiu-se que todas elas usariam o mesmo vestido!
Nessa, a minha mãe seria a última a usar o vestido, que na sua vez provavelmente não estaria mais alvo,  muito menos perfumado. 

Decidida a não passar por isso, Dida (minha mãe) pegou um vestido cor de "carmezim" longo até os pés, que havia ganhado de seu então noivo, e meia hora antes de sair de casa pro cartório, o cortou acima dos joelhos e fez a barra. Zé do Norte, quando a viu, ficou embasbacado, mas não falou nada.

E naquele dia casavam-se Dida e Zé, chocando todo o povoado de Esperança, com seu vestidinho da cor do pecado - e do tamanho também.





 

Bem vindo ao meu blog!

Zé do Norte é o meu pai. Ele veio da Paraíba para  São Paulo aos 14 anos, prá tentar a vida na cidade grande, como tantos e tantos nordestinos. Foi garçon em restaurantes como o "Sujinho", "Hamburguinho" e depois em uma cantina italiana no Butantã, chamada "Trancão". Em 1975 voltou para a Paraíba e trouxe com ele a sua prima de primeiro grau, Dida, e com ela montou a família Silva, com seus 4 filhos. Montou também uma casa do norte chamada " Zé do Norte", mesmo sendo ele nordestino. Ali passamos os melhores e piores momentos de nossas vidas,  que a partir de hoje vou contar neste blog.

Como todas as coisas na minha vida, estou começando tímidamente... mas logo vou me soltar!