sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O que você quer ser quando crescer, Juninho???

Meu sonho sempre foi ser lixeiro. E garçom também.

Quando passava o caminhão de lixo pela rua, de terça e quinta, eu ficava encantado...  até que um dia, eu e meus amigos pedimos pros lixeiros para dar uma volta com eles no quarteirão, ajudando a catar os lixos das casas. Eles toparam e lá fomos nós, coração batendo forte, sorriso largo no rosto, pendurados no caminhão!

Era um universo muito mágico: parar de casa em casa, recolhendo os sacos e caixas de lixo, e melhor: com a possibilidade de encontrar algo incrível que alguém jogou fora, tipo um ATARI novinho (sim, eu acreditava que algum louco poderia fazer isso). Ou dinheiro em um saco.

Isso se tornou um vício... todas as terças e quintas eu ficava na frente da casa do norte do meu pai, esperando os meus "amigos de trabalho". Naqueles dias, eu definitivamente desisti de ser garçom. Já havia encontrado a profissão da minha vida.

Certo dia, esses lixeiros - que almoçavam na casa do norte do meu pai - resolveram ir direto do primeiro "cliente" parar prá almoçar. Na hora que vi aquele caminhão parado lá na frente, meus olhos se encheram de alegria, e corri direto em direção a ele.

Subi, já com toda a intimidade de um profissional com o seu veículo, e ao olhar prá dentro, o que encontrei: sacos e sacos de salgadinhos daquela marca famosa que não vou citar o nome (a não ser que eles queiram patrocinar o post, claro!), alguns vencidos e outros por vencer. Não tinha mais nada ali dentro além dos salgadinhos.

Chamei os meus amigos, que começaram a gritar de empolgação. Corri para pedir um saco de lixo dos grandes prá minha mãe e contar o que tinha encontrado. Minha mãe, que não proibia a gente de fazer nada, deixou eu pegar.

Enchi, acho que 3 sacos daqueles de 100 litros de batatas fritas e snacks.  Enquanto enchia os sacos, a mãe da Sabrina foi até a minha casa e caguetou: "Dida, o Junior está pegando salgadinho do lixo, você sabia?!"

"Eu sei! Eu que deixei", respondeu a minha mãe sempre nos defendendo.

Fui prá casa contente, cheio de salgadinhos. Minha mãe, irmã e eu limpamos todas as embalagens com aquele produto com nome de revista, que não vou citar o nome (a não $$er que....).

No dia seguinte, lá estou eu: o cara mais popular da escola, porque distribuia salgadinhos de graça. Era a minha consagração! Até que chega a Sabrina e grita: "Credo pessoal, o Junior pegou esses salgadinhos do caminhão de lixoooo.... eu vi, a minha mãe viu e foi falar com a mãe dele, que nem deu importância!".

Naquele dia a diretora da escola foi conhecer a minha casa. Ela teve que me escoltar prá me defender dos meus "coleguinhas de sala", que queriam me matar.

E ali ficava cada dia mais longe o meu sonho de me tornar popular....

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