segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O dia que o Jaime morreu (mas, de mentirinha)

Quando eu tinha uns 6 anos, tinha um amigo chamado Jaime. Ele era mais novo que todos do grupo, e bem gordinho. Como era filho único, era bem mimado.

Antes do meu pai construir a "Casa do Norte" na frente da nossa casa - na parte de baixo, pq a gente morava tipo em um morro- , a gente brincava muito lá.

Tinha umas madeiras, umas bananeiras e  muito, muito barro e lama.  E isso não era problema - era ótimo! Inventávamos muitas brincadeiras ali: que a gente tava perdido na selva, que tava preso na areia movediça, esse tipo de brincadeiras normais - o que, você nunca brincou disso?

Um dia pegamos as madeiras e fizemos um avião. A gente "subia" nesse avião, e voava muito, por diversos países... na nossa cabeça era tudo verdade, a gente se imaginava lá em cima, vendo tudo pequenininho lá embaixo. Só que a gente sempre queria mais!!! Aí, pegamos o nosso "avião", subimos no cume do morro e decidimos que, se saltássemos lá de cima, a gente ia voar mesmo! Estávamos, pelo que lembro: minha irmã Eliane, a Fernanda e o Fábio (irmãos e nosso vizinhos) e o Jaime.

Pois é... subimos no morro e: 3, 2, 1 - saltamos para o infinito... e demos de cara no chão!

Todos rimos muito, todos sujos de barro, mas quando olhamos para trás, o Jaime estava desacordado! Em pânico, subimos até a minha casa, onde as nossas mães (minha mãe Dida, a Zene mãe da Fernanda e do Fábio, e Déli, mãe do Jaime)  estavam conversando.

Já subimos gritando: "Déli, Déli, O JAIME MORREEEEEEEEEU!!!!!!".

A coitada da Déli nem pensou duas vezes! Ela, que é negra, ficou loira Elseve-Blonde-Xuxa-nº 000-tem-certeza-que-quer-esse-tom-quase-branco? de olhos azuis, do susto.

Correu e pulou o morro, para chorar o corpo de seu filho. Chegando lá, encontrou o Jaime já acordado, todo sujo de barro, bem gordinho, chorando... mas, graças a Deus, VIVO!

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