segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Junior, Sandro, Viviane, uma galera enorme, a cachoeira e a AREIA MOVEDIÇA

Neste post vou apresentar a vocês duas pessoas que não são da família Silva, mas são meus melhores amigos... APESAR de sumirem da minha vida do nada e voltar prá ela do nada também, não consigo deixar de amá-los nunca! O Sandro, por exemplo, mora em Londres atualmente, Volta e meia liga do celular, pede para esperar, porque vai entrar num túnel, e não liga mais... passa uns 6 meses dentro do "túnel".

Pois então. Estávamos nós em um acampamento de carnaval da Igreja. O lugar era legal, mas faltava "alguma coisa". Foi então que o o caseiro deu com a língua nos dentes e nos falou que tinha uma cachoeira ali perto.
Sim, uma cachoeira, que delícia! Só que o pastor nos PROIBIU de ir até essa cachoeira. Mas nós somos desobedientes brasileiros, e não desistimos nunca. E montamos um grupinho prá ir na trilha e procurar a cachoeira... 

Andamos no mato por um tempo, enquanto tinha trilha, e mais e mais próximo, ouvíamos o barulho da água... isso nos motivava e empolgava a encontrar uma cachoeira tipo do filme "A Lagoa Azul" (mas sem o casalzinho pelado, claroooo... pq a gente é crente, oras!).

Nós lá, empenhados em encontrar a nossa cachoeira... quando chegamos:  Era um fiozinho de água, tipo uma BICA. Aí, tinha umas pedrinhas, uma poça d'água... e uns 20 adolescentes de biquini e bermuda, morrendo de calor, todos sujos e arranhados, cheios de DESOBEDIÊNCIA CORAGEM,  pra encontrar aquela coisinha?



O ódio subiu no coração. Alguns decidiram voltar... mas nós não. Da onde vinha aquela água, tinha muito mais.... encontramos um cano bem grosso, de ferro que percorria todo o trajeto que fizemos em direção ao acampamento, e nos lembramos que o caseiro havia dito que a água que abastecia o local vinha dessa cachoeira. Resolvemos seguir esse cano, para encontrar o tesouro de águas caudalosas que nos esperava mais acima. Nós, os poucos "Josués e Calebes" desobedientes corajosos que sobraram subimos, até que a mata se fechou. Era voltar prá trás, frustrados, ou então continuar, e sermos os desbravadores do desconhecido. 
Estávamos, pelo que lembro: a Viviane, Roqueline, Vânia (que era  meio gordinha), o Sandro, eu, e não lembro mais quem. A gente queria que a Vânia voltasse, pois como ela estava acima do peso e a mãe dela era bem enérgica, poderíamos ter problemas mais a frente. Mas ela não quis desistir e foi com a gente até o fim. Admiramos a coragem dela, mas algo nos dizia que teríamos problemas.

Sandro e eu na frente, abrindo o caminho, e as meninas atrás, gritando. A Viviane, volta e meia perguntava (de verdade): "Pessoal, será que não tem um banheiro por aqui?". E a gente queria matar ela!

O caminho ficava cada vez mais difícil, quando deparamos com o lugar que nos deixaria lembranças eternas. Não, não era a cachoeira não. Era um lamaçal, tipo um brejo, que a gente chamou de AREIA MOVEDIÇA.
No meio dessa lama, o cano que funcionaria como uma ponte. Só que o Sandro e eu nos garantiamos, mas as meninas a gente não botava fé. Inclusive a Vânia, que era gordinha... 

Explicamos para elas que seria difícil, mas mesmo assim elas insistiram em continuar. O Sandro passou para o final do cano e eu fiquei no começo... eu segurava as meninas até onde dava, elas andavam alguns metrinhos sozinhas e pegavam na mão do Sandro do outro lado. Assim foi com uma, com duas, com três, em meio a gritinhos estridentes. 
Quando de repente... só sobrou a Vânia. Olhei para o Sandro, respiramos fundo e dissemos: "Você quer mesmo ir, Vânia?". Ela, cheia de coragem e determinação disse: "Vou sim, eu consigo". Ela foi tão convincente, que acreditamos... E lá vamos nós ajudar a Vânia. Até um certo momento, ela se equilibrou. 
Mas quando eu soltei a mão dela, para que ela prosseguisse o restante sozinha, ELA SE DESEQUILIBROU E CAIU NA AREIA MOVEDIÇA! 

Todo mundo gritando, ela tentando se equilibrar, subir no cano de novo, mas quanto mais ela fazia força, mas ela afundava! A lama já estava no meio da coxa dela, e a gente falava: "Não se mexeeeee!!! Quanto mais você se movimentar, mais vai afundar!" O Sandro  e eu fomos tentar puxá-la, mas nenhum esforço adiantava nada. A gente se segurava prá não rir da situação, quando a Vânia soltou dos nossos braços, jogou o corpo prá trás, deitando na lama e clamou: "DEEEEUS, EU SOU SUA FILHAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHH........"



Não deu mais prá não rir. Nós quase caímos na lama de tanto gargalhar... lágrimas saltavam dos nosso olhos, e perdemos as forças...
Respiramos fundo e falamos: "Vânia, não desiste!! Forçaaa". Mas ela  ficou lá, deitada afundando... sério, parece mentira mas é tudo verdade...

Eu só pensava em uma coisa: temos que arrumar alguns cipós prá amarrar ela, enquanto as meninas voltam para o acampamento prá chamar os bombeiros, um guincho, sei lá... 

Num súbito de força e determinação, Vânia se levanta, e começa a puxar a vegetação em volta, que se quebra com o peso e com a força da lama que a prendia... 
A gente gritava: "Força, Vânia, você vai conseguir!!". Ela agarrou no cano, com toda a sua força e vontade de viver, e conseguiu subir!!!! 
Foi lindo!! Todos batendo palmas, gritando, dando Glórias!!!

Ela chorava e ria, enquanto gritava: "Meu chinelo, cadê o chinelo???(isso, muitos anos antes do Pânico na TV). A gente respondia: "Vânia, esquece o chinelo! Você está VIVA, isso é o que importa!" (tipo coisa de filme, super emocionante!).

Depois disso, resolvemos não tentar mais achar a cachoeira. Voltamos, cansados, sujos de barro, vencidos pelas dificuldades, mas todos vivos. No meio do caminho de volta, encontramos a "bica", cachoeira, do início de nosso caminho. A alegria foi tamanha, que todos entramos juntos ali, como se não houvesse mais amanhã.

E como se não houvesse a bronca, que levamos logo após voltar para o acampamento, já escuro. No dia seguinte, todos de castigo... mas relembrando a nossa aventura do dia anterior!






Um comentário:

  1. nunca,nunca ri tanto como hoje!!eu estava contando esa história lá em casa esses dias,mas vc é terrivel,conta muito melhor!!!

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