terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

(post extra do dia) - A IRMÃ MARIA COCADA!

Gente, eu coloquei o título todo em caixa alta porque merece...

A irmã Maria Cocada era uma espécie de "mendiga gospel" que morava em uma casa abandonada em frente à igreja. Ela era alcoólatra, sorridente, espalhafatosa, e maluquinha...

Foi assim que conhecemos a Cocada:

Sempre que íamos para a igreja ensaiar, ou para algum evento mais cedo ou em um dia incomum ao final de semana, ouvíamos uma série de gritos, xingamentos e pancadarias em uma casa abandonada em frente à igreja. Um dia resolvemos ir lá, e encontramos um casal de senhores embriagados. Era a Cocada e o João. A casa era imunda, toda cheia de lixo, não consigo nem explicar em detalhes. Convidamos os 2 para irem à igreja e eles aceitaram o convite. Logo no primeiro culto - Culto de Jovens - eles aceitaram a Jesus. Foi lindo, os dois lá na frente, chorando, e a gente chorando junto.
Começamos a cuidar deles... cada um fazia o que podia. Alguns arrumaram a casa, outros deram roupas, e as meninas resolveram fazer a unha dela. Mas a situação dos pés e mãos da Cocada era tão terrível, que pareciam unhas da família dinossauro! As meninas fizeram um "escalda pé" que tinha até água sanitária! Não conseguiram fazer muita coisa, mas comparado ao que era antes, fizeram milagres.



Aí, um dia, os dois arrumadinhos foram novamente para o Culto de Jovens. Naquela época, não tinha dança na igreja. Eram só as músicas legais, animadinhas, e a gente ensaiava os pequenos movimentos prá lá e prá cá, acompanhados de palmas, para não escandalizar os mais tradicionais.


QUANDO DE REPENTE... (chegou a hora mais esperada da história):
A Maria Cocada, de saia curta e regatinha, sobe no _____________ (clique na linha e preencha como acha certo: palco, púlpito, altar, trio... etc) numa dança rebolativa e CENÇUAL enquanto cantávamos! Ela levantava os braços, fechava os olhos e balançava a cabeça, num ritmo totalmente descoordenado, porém em pleno êxtase, como se não houvesse amanhã!
Seu companheiro, João, gritava o tempo todo:"Desce daí, Maria"... ao menos ele tinha conservado os "valores morais" e "bons costumes" da família brasileira. Cocada, super concentrada em sua performance, gritava, lá de cima: "fica quieto, João, que eu tô AJUDANDO O PESSOAL".

O pastor, que não tinha visto Maria dançando, ao final da música disse: "Eu gostaria de pedir para o irmão João não gritar e atrapalhar o louvor". Maria, ainda lá em cima, como uma dançarina do Faustão em pose de descanso, esticou o braço, dedo em riste e gritou: "TOME, JOÃO".

E a partir ali, nasceu a dança nas igrejas.

Nunca mais vi Maria Cocada. Uma vez fiquei sabendo que ela havia morrido de cirrose, mas pouco tempo depois ela apareceu na igreja, um pouco estrábica e mais desequilibrada do que antes, mas VIVA. Hoje, não sei por onde anda.

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