sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A cueca roxa do meu pai

Meu pai adorava ficar só de cueca. Volta e meia, eu com meus amigos e amigas em casa, aparecia Zé do Norte cambaleando, de cueca. E fazia questão de cumprimentar todo mundo! De cueca. Imagina a cara dos meus amigos?

Ele tinha cuecas de várias cores (várias mesmo: mostarda, verde limão...), mas a preferida dele era uma roxa, que ele usava com as meias roxas sociais, pra combinar, né? Afinal, de onde você acha que veio o meu estilo e bom gosto para roupas?

Mas não era só em casa que isso acontecia. Quando acontecia alguma coisa na rua - coisas do cotidiano, como um tiroteio, um assassinato, um assalto, enchente, briga de faca - ele logo saía pra ver. De cueca e meia!

TEra só acontecer um "forfé" na rua que entrava em ação: descia as escadas e ficava parado, não no portão, mas NA RUA: pézinho de lado, mão na cintura, cara de espanto, comentando o ocorrido com os outros vizinhos, com a maior naturalidade, como se cueca não fosse UNDERware (roupa de dentro, para os leigos).

Não tinha o que fazer... a minha mãe nem ligava mais. A cueca roxa do meu pai já era de domínio público. E publico não faltava: pra aplaudir e também pra apreciar, né, Genésia?

*nome fictício (arrasei, né? vai que dá processo???)

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