quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Zé do Norte e o futebol

Antes de começar a escrever, devo informar: o meu pai não gostava de futebol. NUNCA vi meu pai em frente à TV gritando um "GOOOOL" em algum jogo. Nunca vi meu pai jogando futebol. Ele nunca me deu uma bola de presente. Ah, e como todo mundo que não gosta de futebol, ele era "São Paulino".

Mesmo assim, no bairro onde ele tinha a casa do norte (Jardim Macedônia - Capão Redondo/SP... não preciso falar mais nada, né...), tinha um time de futebol, que não lembro o nome agora... E O MEU PAI ERA O PRESIDENTE DE HONRA DO TIME!

Sem ao menos saber a escalação do time, sem saber definir um "impedimento" ou até mesmo onde cada time deveria fazer o gol, sempre que o time dele jogava, lá estava ele. De terno branco, camisa vinho, com pelo menos 4 botões abertos (camisa normalmente tem 5 ou 6), correntes de ouro, sapato Oxford vinho de bico fino  e um anel com pedra vermelha (ele dizia que era anel de advogado, mas ele só tinha até a 4ª série fundamental).

Não pessoal, eu não me enganei. Ele ia assim para o campo. Campo de lama, sem arquibancada, campão mesmo... de "pilinferia".  O terno era tão branco (e ele ficava doido se sujasse) que parecia uma tapioca.



Mas não para por aí... para chegar ao campo, o pessoal do time passava na minha casa, com uma caminhonete, todos os jogadores na caçamba... e ele não ia na cabine não... Zé do Norte era um homem do povo, e como todo homem do povo, lá estava ele, na caçamba, de terno branco e todos os outros detalhes que citei acima.  Ia e voltava na caminhonete, com seus "pupilos" amados. Aclamado por toda uma geração de jogadores de final de semana.

Todo orgulhoso por ser presidente do time do Jardim Macedônia!


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