terça-feira, 25 de janeiro de 2011

(post extra do dia) Junior e a enchente - em homenagem ao aniversário de SP

O post extra de hoje é em homenagem ao aniversário de São Paulo.

Quando eu tinha 13 anos, comecei a trabalhar de office boy, no bairro de Pinheiros. Só sabia o caminho de casa até o serviço e a vaga pedia alguém que soubesse andar em toda a cidade,  mas mesmo assim resolvi encarar o trabalho.

Uma vez, meu chefe esqueceu de pagar uma conta, e chegou desesperado no escritório, às 15 pras 4 da tarde, e jogou na minha mão a conta e um cheque, para eu correr no Banco Banespa (posso falar Banespa mesmo, pq já faliu, então não é propaganda) ... realmente, eu teria que correr mesmo.

PORÉM (quando tem um PORÉM, ainda mais em caixa alta, já viu que vem m*rd#): estava chovendo absurdamente em SP naquele dia (novidade) e a rua que me levaria ao banco estava alagada...

O chefe, nem aí, protegeu a conta e o cheque em uma embalagem plástica bem vedada, e me deu o guarda-chuva florido que pegou emprestado da mulher da limpeza, como se fosse adiantar alguma coisa... só se eu colocasse o guarda-chuva invertido prá boiar na água e fosse remando...

Mas, tá... lá vou eu, enfrentar a tal da #lectospirose (eu sei que é lePtospirose, mas na #pilinferia a gente fala com C mesmo).

Na rua Arthur de Azevedo lá vou eu: guarda-chuvinha sem vergonha, allstarzinho de tecido, calça jeans e camisetinha #simpres água na altura dos joelhos (existem águas que dão nos artelhos, existem águas que dão nos joelhoooossss, existem águas que dão nos lombos, mas tem águas mais fundas, EU SEEEEEEI). Pois é, naquele dia EU SOUBE.


Olho para a frente e vejo vindo em minha direção uma caminhonete, cheeeeeeeia de operários da construção civil (vulgos #pedreiros), na maior velocidade... parecia uma lancha! Por onde ela passava, deixava uma onda enorme... essa onda entrava nos quintais das casas, nas lojas.... e ia crescendo conforme se aproximava de mim. Os pedreiros iam à loucura, gritando em pleno estado de ÊXTASE  E PRAZER ERÓTICO!


Eu não tinha mais o que fazer.  Não dava prá correr, me esconder, subir em algum lugar. Era esperar acontecer  e fazer a #martasuplicy.

Quando aquela caminhonete passou por mim, me fez entender o que o David Quinlan quis dizer com a música "Águas Profundas". Toda aquela água veio para cima de mim, como um TSUNAMI,  o guarda-chuva foi todo para trás, a água me atingiu até nos cabelos. Fiquei totalmente molhado, afogado. Acho que até bebi água (afinal ,tinha que respirar, né).

Os pedreiros continuaram gritando, como se fossem vencedores, alcançando o seu objetivo - me humilhar em praça pública. Eles riam, e apontavam prá mim, sumindo naquele horizonte de água suja.

Joguei a franja molhada prá trás (é, antes do Restart eu já usava franja), e continuei o meu caminho em direção ao banco.

Chegando no banco, todo molhado, todos olhavam prá mim chocados. Eu devia estar fedendo... aguardei pouco tempo na fila, e na minha vez, abri com dificuldade o envelope, visto que estava com as mãos molhadas,  e retirei a conta e o cheque, sequinhos, protegidos, como eu queria estar.
A bancária olha para mim e fala: "O cheque está sem assinar".

Preciso falar mais alguma coisa?




FIM


foto: cambalacho.com

2 comentários:

  1. Ju que delicia!!se for inevitavel relaxe e ...,lembra dessa frase?? ainda bem que vc não era emo senão ia molhar a chapinha,ou era??

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  2. ZÉ, É POR ISSO QUE EU SOU TUA FÃ! TE AMO CARA!

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